Um homem,
identificado por fontes da Igreja Católica como o mordomo do papa, foi detido
no Vaticano depois que a polícia o encontrou "em posse ilegal de
documentos reservados" da Santa Sé.
A prisão foi
confirmada nesta sexta-feira (25) pelo vice-diretor da Sala de Imprensa da
Santa Sé, Ciro Benedittini, pouco depois de o porta-voz, Federico Lombardi, ter
informado que agentes tinham localizado "uma pessoa em posse ilegal de
documentos reservados" e que ela havia sido colocada à disposição da
magistratura vaticana "para maiores investigações".
Embora
oficialmente o Vaticano não tenha revelado o nome do detido, fontes citadas
pela imprensa italiana disseram que se trata de Paolo Gabriele, 42, e
considerado um dos membros da chamada "família do papa".
Este seleto
grupo de pessoas é composto também por seus dois secretários, os sacerdotes
Georg Gänswein e Alfred Xuereb, e quatro laicas italianas consagradas da
comunidade "Memores Domini" que cuidam do apartamento papal
(residência oficial do papa).
Gabriele é
um romano que trabalha no apartamento papal desde 2006, após ter estado a
serviço do prefeito da Casa Pontifícia, o arcebispo James Harvey.
Segundo as fontes
vaticanas, os agentes encontraram "uma grande quantidade de documentos
reservados" na casa na qual Gabriele vive com sua esposa e três filhos na
Via de Porta Angelica, anexa ao Vaticano. Ele foi detido na quinta-feira (24),
de acordo com as fontes, e posto à disposição do Promotor de Justiça do
Vaticano, Nicola Picardi, que lhe interrogou hoje durante várias horas.
A prisão de
Gabriele, já conhecido como "Il curvo" (o corvo), surpreendeu em
ambientes vaticanos, e algumas fontes duvidam que ele seja o autor dos
vazamentos, e sim "um bode expiatório".
Bento 16,
segundo fontes vaticanas, foi informado da detenção de seu mordomo e se mostrou
"muito entristecido".
Gabriele foi
preso após as investigações realizadas nos últimos dias pela Gendarmaria
Vaticana para esclarecer os casos de vazamentos à imprensa de documentos
reservados enviados ao papa Bento 16 e seu secretário Gänswein. As
investigações foram feitas segundo as instruções recebidas por uma comissão
criada em abril por Bento 16 para esclarecer esses casos.
O escândalo
começou quando uma rede de televisão italiana divulgou cartas enviadas pelo
atual núncio nos Estados Unidos e ex-secretário-geral do Governo da Cidade do
Vaticano, Carlo Maria Vigano, a Bento 16, nas quais denunciava a
"corrupção, prevaricação e má gestão" na administração vaticana.
Em uma
dessas mensagens, Vigano denunciou também que os banqueiros que integram o
chamado "Comitê de finanças e gestão" do Governo e da Secretaria de
Estado "se preocupam mais com seus interesses do que com os nossos",
e que em dezembro de 2009, em uma operação financeira, "queimaram
(perderam) US$ 2,5 milhões".
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